sexta-feira, 13 de novembro de 2009

JESUS CRISTO: O Verdadeiro Israel.

Importante: Dr. Kim Riddlebarger é pastor sênior na Igreja Reformada de Cristo e professor temporário de teologia sistemática no Seminário de Westminster, Califórnia.

Se estivéssemos dentro do campo de visão profético típico dos profetas de Israel após o exílio e o cativeiro, e com eles nós olhássemos para o futuro, o que veríamos? Os profetas de Israel claramente antecipam um momento quando Israel será restaurado à sua antiga grandeza. Mas será que a restauração da nação de Israel à sua antiga glória refletirá os dias da monarquia? Ou será que a monarquia em si mesma nos aponta para o monarca?

Tal visão profética inclui não só a nação, mas a terra de Canaã, a cidade de Jerusalém, o trono de Davi, assim como o templo em Jerusalém. Desde que a nação foi dividida e o povo foi levado em cativeiro para a Babilônia cerca de cinco séculos antes da primeira vinda de Cristo, o magnífico templo destruído e o sacerdócio chegando ao seu fim, tal expectativa profética relacionada com o futuro de Israel muito naturalmente falou de uma reversão da sua sorte e da desgraça da calamidade que tinha caído sobre a nação.

Mas em uma retrospectiva apostólica, Pedro fala de como...
“... a respeito dessa salvação que os profetas que falaram da graça destinada a vocês investigaram e examinaram, procurando saber o tempo e as circunstâncias para os quais apontava o Espírito de Cristo que neles estava, quando lhes predisse os sofrimentos de Cristo e as glórias que se seguiriam àqueles sofrimentos. A eles foi revelado que estavam ministrando, não para si próprios, mas para vocês, quando falaram das coisas que agora lhes foram anunciadas por meio daqueles que lhes pregaram o evangelho pelo Espírito Santo enviado do céu; coisas que até os anjos anseiam observar.” (1ª Pedro 1:10-12)
Em Isaías 41:8-9, o profeta falou de uma futura restauração da nação de Israel nestes termos:
“Porém tu, ó Israel, servo meu, tu Jacó, a quem elegi descendência de Abraão, meu amigo; Tu a quem tomei desde os fins da terra, e te chamei dentre os seus mais excelentes, e te disse: Tu és o meu servo, a ti escolhi e nunca te rejeitei.”
A mesma promessa é reiterada no próximo capítulo de Isaías 42:1-7, quando o Senhor declara de seu servo:
“Eu, o SENHOR, te chamei em justiça, e te tomarei pela mão, e te guardarei, e te darei por aliança do povo, e para luz dos gentios.” (v. 6)
Isaías continua a falar deste servo nos capítulos 44 (vs. 1 e 2) e 45 (v. 4).
Os Dispensacionalistas, com sua chamada “hermenêutica literal”, são obrigados a interpretar tais passagens literalmente e, desse modo, atribuem o cumprimento dessas profecias de Isaías a um futuro milênio terrestre em que Israel co-existirá com os gentios sob o reinado do rei davídico (ver Walvoord, The Millennial Kingdom, 302-304; e Pentecost, Things to Come, 503-508). Na prática, isso equivale à restauração da monarquia com Jesus tomando seu lugar no trono real de Davi e regendo as nações a partir deste Israel restaurado.

Mas é assim que o Novo Testamento interpreta as profecias messiânicas sobre o servo do Senhor? Quem é o servo do Senhor? É a nação de Israel, ou Jesus, o Messias de Israel?

Para responder estas questões, precisamos ver que os escritores do evangelho interpretam estas profecias de Isaías como cumpridas na missão messiânica de Jesus.

Primeiro, em Mateus 12:15-21, por exemplo, quando Jesus se retirou e as multidões o seguiram, Mateus relata que este evento cumpriu o que tinha sido falado pelo profeta Isaías. Este evento serve para demonstrar que Jesus é o verdadeiro servo do Senhor.

Segundo, quando Jesus expulsou demônios e curou doentes, Mateus viu nisto o cumprimento das profecias de Isaías de um servo sofredor que tomaria sobre si as nossas enfermidades e levaria as nossas doenças (Mateus 8:7 com Isaías 53:4).

Terceiro, no evangelho de Lucas, ele fala tanto de Israel (cf. Lc 1:54) e Davi como servos de Deus (Lc 1:69). No entanto, em Atos, Lucas claramente fala de Jesus como o servo de Deus (At 3:13). Após a crucificação, Deus ressuscitou Jesus dos mortos para que pessoas de todos os lugares pudessem ser chamadas ao arrependimento (3:26).

Quarto, quando o eunuco etíope ouve a leitura de Isaías 53:7-8 e pergunta a Filipe sobre a quem esta profecia se refere, Lucas nos diz que Filipe informou ao etíope que esta passagem certamente referia-se a Jesus (At 8:34-35).

Mas isso não é tudo o que está em vista aqui. Em Oséias 11:1, Oséias previu uma época quando...

“... Israel era rapaz, então o amei, e do Egito chamei o meu filho.”
Mas em Mateus 2:15, o evangelista nos diz que a profecia de Oséias foi cumprida quando os pais de Jesus o levaram para o Egito para protegê-lo da matança dos inocentes promovida por Herodes. Porém, depois da morte de Herodes, Deus chamou Jesus e sua família para retornar a Nazaré. Mateus toma uma passagem de Oséias que claramente se refere a Israel, e diz ao seu leitor que esta passagem é agora cumprida em Jesus Cristo! Ele faz isso para provar para seu público, composto por judeus em sua maioria, que Jesus é o servo do Senhor, anunciado em todo o Antigo Testamento (especialmente Isaías).


Até agora isto deveria estar claro, que de acordo com muitos escritores do Novo Testamento, Jesus é o verdadeiro servo, o verdadeiro filho e o verdadeiro Israel de Deus. Lembre-se também que foi Isaías quem falou de Israel e dos descendentes de Abraão como o povo de Deus. É através da semente de Abraão que as nações seriam abençoadas.
Portanto, assim como Jesus é o verdadeiro Israel, ele é a verdadeira semente de Abraão. Este é o ponto que Paulo levanta em Gálatas 3:7-8, quando diz:

“Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão.
Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti.”
As palavras de Paulo aqui são importantes por vários motivos.
Primeiro, Paulo nos diz que Abraão creu no mesmo evangelho que ele pregou aos gálatas gentios. Desde o início houve apenas um plano de salvação e um evangelho. Isto, é claro, levanta questões muito sérias sobre a noção dispensacionalista do propósito redentivo “claramente distinto” para o Israel nacional e os gentios, como é evidente quando Paulo continua a dizer em Gálatas 3:29, que:

“E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa.”
Segundo, a promessa do evangelho é que desde o início da história da redenção é que os verdadeiros filhos de Abraão, sejam judeus ou gentios, são herdeiros da promessa, se eles pertencem a Jesus Cristo, a verdadeira semente de Abraão. Mas, como Robert Strimple assinala, uma importante palavra de esclarecimento é certamente conveniente:
“Nós (amilenistas) dizemos: ‘Sim, a nação de Israel foi o povo de Deus na Antiga Aliança. Agora, na Nova Aliança, acreditamos que a Igreja é o povo de Deus’. E assim nós rapidamente passamos correndo (ou perderemos a benção que nos traz toda a questão) pelo fato de que nós cristãos somos o Israel de Deus, a semente de Abraão e os herdeiros da promessa, e que somente por causa da fé somos unidos a Ele que é o único e verdadeiro Israel, a semente de Abraão.” (ver Strimple, “Amillennialism,” em Bock, ed., Three Views of the Millennium and Beyond, 89).
As conclusões acerca de uma visão milenar deveriam agora ser óbvias.
Se Jesus é o verdadeiro Israel de Deus e se os escritores do N.T. aplicam a Jesus as profecias do A.T. referentes a Israel como filho ou servo de Deus, então o que resta para os dispensacionalistas que estas profecias ainda continuem a serem cumpridas em um futuro milênio? Elas desaparecem em Jesus Cristo, que cumpriu-as todas!


Traduzido por MAC.


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